quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Obrigado Pedro Rocha, o que faremos sem ti?

Obrigado Pedro Rocha, obrigado, obrigado, mil vezes obrigado!
Obrigado pelos 126 jogos.
Obrigado pelos 32 gols (aqueles dois no Mineirão nunca esqueceremos).
Obrigado pelas 19 assistências.
Obrigado pelo título da Copa do Brasil.
Obrigado pela família que tens (seu Jessé anotará vários gols em seu caderninho).
Obrigado pela recomposição, pela marcação pela função tática que fazia.
Obrigado por ter que te "defender" e a partir disso estudar mais de tática e números e assim mostrar o quanto tu foi importante para nós!

 Foto que levarei para a vida. Como diz a camisa "Tudo Tranquilo"

Seu Jessé, a base familiar que sustenta Pedro Rocha, um exemplo de cidadão e de pai!

Mas e agora, sem Pedro Rocha, o que faremos? Temos algumas opções, na verdade várias, que vou comentar pontos positivos e negativos de cada opção:

ARROYO
Pouco vimos do equatoriano, mas segundo informações do Pedro Lampert (@PedroLampert) que é o maior conhecedor do futebol mexicano que conheço e do Matheus (@matheusM633) ele é o que mais se aproxima do Pedro Rocha.
Pontos positivos: pode recompor, como se movimentar pelo meio, chegando na frente com chute potente. 
Pontos negativos: não entra tanto na área e não vai para linha de fundo. 

Suposto posicionamento médio e atuação de Arroyo. 
Mais centralizado sem entrar na área.

BETO DA SILVA
Outro que poucos vimos, mas através da informação do Kaleb Schuck (@kaleb_schuck) ele pode fazer essa função. Cita o Kaleb o jogo das eliminatórias de Peru 2 x 2 Argentina, onde ele entrou muito bem, mas não tive a oportunidade de ver.
Pontos positivos: entrada na área e atuar em mais de uma posição do ataque.
Pontos negativos: falta de ritmo de jogo muito devido ao problema com lesões.

Suposto posicionamento médio e atuação de Arroyo. 
Recomposição central e opção de entrar na área.

EVERTON
O grande concorrente de Pedro Rocha quando os dois surgiram. 
Pontos positivos: velocidade, entrosamento, finalização de pequena e média distância (quem não lembra do importante gol contra o Palmeiras nas quarta de final da Copa do Brasil de 2017).
Pontos negativos: recomposição. Foi o fator de Pedro Rocha ganhar a posição. Falta imposição física na marcação.
Suposto posicionamento médio e atuação de Everton. 
Velocidade e verticalidade.


FERNANDINHO
O substituto natural neste ano.
Pontos positivos: Faz bem a recomposição, tem o entrosamento, é da função, pode centralizar as jogadas e ir até a linha de fundo.
Pontos negativos: a perna direita. Fernandinho demonstrou muito mais capacidade e efetividade quando entra pelo lado direito. Isso porque tem a opção de centralizar a jogada e chutar de perna esquerda. Quando vai para a esquerda, invariavelmente busca a linha de fundo (que até pode ser um ponto positivo quando Barrios jogar).

Suposto posicionamento médio e atuação de Fernandinho. 
Recomposição e profundidade.

MAICON
A maior alteração tática. Aqui cito a conversa que tive com o Cristiano Costa (@cristianomcosta). Obviamente que Maicon não entraria na posição do Pedro Rocha. O mais sensato seria a entrada de Maicon na posição de Arthur, como meia central, em linha com Michel, e Arthur em linha com Ramiro, fazendo a posição do Pedro Rocha.
Pontos positivos: experiência, qualidade no passe, time mais sólido defensivamente, com maior volume no meio campo. Luan teria mais espaço para movimentação jogando próximo de Barrios.
Pontos negativos: velocidade, abertura de jogo (amplitude), movimentação e abertura de espaços ofensivamente.
Suposto posicionamento médio e atuação de Arthur.
Maior controle de bola e volume no meio campo.

Há ainda outra opção que é a entrada de Douglas, mas vejo muito difícil seu retorno esse ano. Talvez em alguns jogos para segurar a bola e controlar o jogo. Outra opção seria Leo Moura entrando no meio, e Ramiro indo para esquerda, mas agora já é muita invenção minha...

Vamos ver o que Renato consegue fazer, até agora sempre conseguiu fazer essas mudanças, espero que continue acertando e nos leve ao TRI DA AMÉRICA!

E mais uma vez, obrigado Pedro Rocha!

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quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Jogo de xadrez - Análise Tática de Grêmio x Cruzeiro

Pode não ter sido um jogo plasticamente bonito, mas para quem gosta de tática e estratégia de jogo foi um prato cheio. E os dois técnicos não precisaram inventar nas escalações, pois foram aquelas já previstas. Ambos jogando no 4231. Jogaram muito espelhados, pois possuem dois volantes que sabem jogar (Michel e Arthur /Lucas Silva e Henrique), meias centrais de qualidade excepcional (Luan/Thiago Neves), extremas com características próximas, na esquerda um jovem velocista (Pedro Rocha/Alisson), na direita os motores dos times (Ramiro e Robinho). Grêmio e Cruzeiro fizeram um verdadeiro duelo tático, digno de xadrez.

Escalações sem surpresas e jogo espelhado. 

Vimos dois tempos distintos, com o Grêmio dominante no primeiro tempo, com duas chances de gol com defesas do Fabio, além do próprio gol, depois de uma bela jogada. Mesmo com um volante de origem na lateral direita do Cruzeiro, e Robinho fazendo a recomposição, as melhores jogadas saíram pelo nosso lado esquerdo. Muito porque Edilson e Ramiro ficaram em uma postura mais defensiva, devido ao rápido contra ataque com Diogo Barbosa e Alisson. Vi muitos falando que Ramiro e Edilson foram mal, eu vejo que foram muito bem em marcar a principal jogada ofensiva cruzeirense. Nosso lado esquerdo, de onde surgiu o belo gol, foi de onde saíram os passes que conseguiram desestabilizar a defesa, os chamados passes que quebram as linhas, ou os passes de ruptura. Curiosidade que tais passes foram de Luan, Pedro Rocha e Arthur, o que demonstra a grande mobilidade pelo setor.

Dois tempos distintintos, com o Grêmio (verde) controlando no primeiro tempo e Cruzeiro (azul) no segundo.

Passes de ruptura do Grêmio no1 e 2 tempo, informação do @instatfootball

Quando o Grêmio atacava, conseguíamos ver o bom trabalho defensivo do Cruzeiro. Vimos as linhas bem próximas e organizadas. Novamente a inteligência de Luan, em jogar entre estas linhas, fez a diferença. Outro ponto que observei e que deveremos ver muito no Mineirão é a organização do Grêmio para o contra ataque. Nisso é importante Barrios fazendo o pivô para que os demais jogadores apareçam em velocidade. Com Everton mudamos o estilo desse contra ataque. Pelas questões físicas e características de jogador, Everton já tem que receber essa bola em velocidade.


Cruzeiro bem organizado defensivamente.

Estruturação de contra ataque tricolor!

Já no segundo tempo o Grêmio deu campo para o Cruzeiro. Muito pelo resultado, considerado positivo. Foi a vez do Grêmio se organizar defensivamente. Neste ponto o Cruzeiro tentou avançar com três atacantes, e jogar entre linhas, por isso Arthur e principalmente Michel tiveram um papel importantíssimo. Ambos recuavam na frente da zaga, para realizar essa marcação e sair com qualidade da bola. Ambos trocaram mais de 60 passes, sendo Michel com 95% de acertos e Arthur com 90%.Mas temos que considerar a importância de todo o time marcando. Luan e Barrios fazem este importante papel de marcar a saída de bola. Hoje algum time que almeja algo maior tem que praticar o "futebol total" onde todos têm funções defensivas e ofensivas. Acredito que essa seja a característica do jogo no Mineirão, onde teremos que aproveitar os espaços.

Como o Grêmio marcou o Cruzeiro.

A pressão na saída de bola do Cruzeiro.

Por ser um jogo tático ele se define e se concentra no meio campo. Ali que existem as trocas de opções de jogadores, as marcações por zona ou encaixes individuais, o que vimos muito no jogo. Por isso mesmo não tivemos um grande destaque no jogo. Os principais jogadores dos times não conseguiram desenvolver seu habitual futebol. Thiago Neves foi muito bem marcado pelo sistema defensivo do Grêmio. Luan conseguiu jogar mais, mas também por viver essa fase extraordinária, e por sair em vários momentos para receber a bola e organizar o jogo, que com Barrios ele executa muito melhor, pois o paraguaio, que já tem 17 em 30 jogos, média de 0,57 gols por jogo, segura dois zagueiros, abre espaços e faz o muito bem o pivô como escrevi acima.

Mapa de calor do Grêmio. Fonte: Footstats

O duelo continuará na próxima semana no Mineirão. O trio Michel, Grohe e Barrios, considerados os melhores do jogo, terá que ser inteligente contra o Cruzeiro do bom lateral Diogo Barbosa, para que assim dê o xeque-mate e classifique o tricolor para mais uma final da Copa do Brasil e assim buscarmos o hexa!

Os melhores em campo segundo o SofaScore.

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quinta-feira, 10 de agosto de 2017

A alteração de Renato - Análise Tática de Grêmio x Godoy Cruz

Segundo clube brasileiro com maior passagens às quartas de final da Libertadores, apesar do susto com o gol inicial do Godoy Cruz, avançamos e agora aguardamos Botafogo ou Nacional do URU. E tomamos esse susto no início do jogo, onde o Godoy Cruz foi melhor e teve mais domínio, pois Renato escalou Maicon no lugar de Arthur, mantendo o restante da equipe considerada titular, somente com a substituição de Edilson por Leo Moura (que na minha modesta opinião é um acréscimo).

Sofremos no início do jogo e no início do 2º tempo. Mas de maneira geral controlamos o jogo.

Analisando a entrada do Maicon no lugar do Arthur, vejo que foi por dois motivos. Primeiro por ser jogo decisivo, Maicon ser o capitão e ser mais experiente. Segundo ponto, a menor capacidade de marcação de Leo Moura, onde Maicon teria a função tática de maior marcação. Isso ficou claramente no jogo. O Godoy Cruz atacou pela nossa direita, e consequentemente o Grêmio atacou mais por este lado. Maicon teve que fazer esse papel de contenção, com isso Michel ficou responsável pela saída de bola, pois normalmente tinha mais espaço. Mas um ponto que observei também, foi Michel por vezes saindo da sua posição, fazendo uma marcação mais alta, assim abria espaço entre a defesa e meio campo do Grêmio, onde o Godoy Cruz conseguiu atuar. Se notarem, o gol sofrido pelo Grêmio foi nessa faixa de campo, pois o atacante teve tempo de esperar a bola picar e chutar com espaço (sim, foi falha do Grohe).





Jogo ocorreu pela direita. Fortíssima atuação de Leo Moura, e Maicon mais posicionado. Mapa de calor de Michel abaixo mostra mais centralizado e com              mais espaço para saída de bola.                                        



Falando ainda de como o jogo se desenvolveu pela direita, a própria movimentação de Ramiro e Pedro Rocha, que se espelham dentro do campo, obviamente com diferentes características, refletem isso. Pedro Rocha muito mais avançado pela ponta esquerda e Ramiro ajudando o lado direito na recomposição. Acredito que além de Michel, que estava um pouco nervoso, até pelo fato de estar um pouco deslocado, Ramiro sentiu essa saída de Arhur, pois junto com Luan são os que mais trocam a bola entre si. A dinâmica com Maicon é diferente, pois ele segura a bola, pensa, roda, e dá passes de ruptura (aqueles passes que atravessam a defesa). Ao contrário de Arthur que roda muito mais, aparece para jogar, distribui em espaços curtos. Em resumo, o time sentiu essa troca e eu não fui muito favorável, pois perdemos dinâmica de jogo.




Pedro Rocha e Ramiro com funções diferentes no campo. Enquanto um atacava o outro mais defendia. Reflexo no mapa de calor de todo jogo conforme abaixo, onde jogo foi pela direita. 


Se na meia defensiva tivemos essas alterações, no ataque fomos muito bem. Barrios voltou fazendo o que tem que fazer. Incomodando o zagueiro, brigando por toda bola, fazendo o pivô e chutando em gol. No primeiro gol acreditou até o final e deu um passe inteligentíssimo para Pedro Rocha marcar. No rebote do goleiro ele não domina a bola, e sim passa por cima dela, e gira para tocar para o meio. Lance de quem conhece a grande, e no caso a pequena área. No segundo gol foi inteligente em não estar em impedimento (vale ressaltar a jogada do craque Luan, que tinha possibilidade mais fácil para tocar para Pedro Rocha, mas que entrava impedido pela esquerda) e deu um belo chute que tocou na trave e no rebote Pedro Rocha (mais uma vez bem posicionado), fez o gol que nos garantiu a vitoria. Os números de Luan e Pedro Rocha na Libertadores mostram essa qualidade, sendo considerados pelo Footstats os dois melhores nas estatísticas da competição.

Os números de Pedro Rocha e Luan que os credenciam como os melhores da Libertadores.

O importante é que conseguimos a classificação para as quartas de final da Libertadores, e se comparados a Atlético MG e Palmeiras, que tem investimentos muito maiores, essa classificação deve ser muito comemorada. Afinal o que ganha um jogo pode ser um jogador, mas o que ganha título é um time bem equilibrado e com uma dinâmica de jogo bem definida. Por isso que jogadores que foram criticados e até ridicularizados no início do ano, como Cortez e Leo Moura, estão jogando muito bem.

Tweet que bombou!

Se gostou comenta aí, ou vai lá no meu Twitter @mwgremio para debatermos taticamente o Grêmio.

E antes que eu me esqueça, obrigado Pedro Rocha!

Encontro com Pedro Rocha em ação beneficente de sua família, realizado nesta última segunda-feira.



domingo, 6 de agosto de 2017

A importante volta de Leo Moura - Análise Tática de Atletico GO x Grêmio

Foi um jogo surpreendente, por ter sido difícil contra o lanterna e pior time do campeonato. Mesmo sem alguns jogadores que estavam atuando (Edilson, Geromel e Luan) o time era muito forte e a expectativa era uma vitória tranquila. Não foi o que vimos, primeiramente pela mudança de posicionamento de Arthur com o Michel. Jogamos num 4 3 3, onde o meio era composto com Arhur mais recuado, sendo Michel e Ramiro mais avançados, sendo responsáveis pela criação. Pelas pontas tínhamos Pedro Rocha e Fernandinho, com Everton no meio. Renato testou Arthur como primeiro volante, para que tivéssemos uma saída de bola mais qualificada e rápida. Infelizmente não deu certo, pois além de Arthur não conseguir ter o poder de marcação, Michel não tinha o poder da criação. Ao mesmo tento, Fernandinho e Pedro Rocha não conseguiram abrir o jogo, ou se preferirem, não deram "amplitude" para o time, ficando assim sem opções de saída de bola.

Posicionamento médio do Grêmio antes das substituições. Arhur (29) mais recuado. Pedro Rocha (32) e Fernandinho (21) não deram opções.

Principalmente por estes dois pontos táticos, nós sofremos no primeiro tempo. O controle do jogo foi do Atlético GO que teve 52% de posse de bola, o que é raro acontecer com o Grêmio, pois o nosso modelo de jogo é de controle e proposição. Outro ponto que mostram a dificuldade que o Grêmio teve é o número de passes, onde trocamos 237 passes, com apenas 84% de aproveitamento, quando nossa média no campeonato é de 89% de acertos. Mas o que mais espantou foi o número de tentativas de gol. Enquanto o Atletico GO teve 9 chances nós tivemos apenas 3.

Mapa de calor do 1t, Altetico GO x Grêmio. Atlético apoiando pela nossa direita, aproveitando a escalação de Leonardo Gomes. Grêmio jogando mais defensivamente, tentando nas pouquíssimas vezes sair com Pedro Roca e Everton.

Algo estava errado e Renato viu isso. Primeiro substituindo Arthur por Lincoln, assim recuou Michel para sua posição de primeiro volante, e Ramiro também voltou para fazer a segunda posição do meio. Lincoln atuou no meio com Fernandinho de um lado e Pedro Rocha de outro. Assim retomamos o sistema de 4231. O time conseguiu melhorar um pouco, mas não o suficiente para jogar bem e ter chances de gol. Com isso Renato muda mais uma vez, agora com a entrada de Leo Moura no nitidamente cansado Pedro Rocha. Aí foi a grande mudança de Renato. Mais uma alteração de esquema, agora no 442, com Michel e Ramiro posicionados como volantes, Leo Moura (direita) e Lincoln (esquerda) armando o jogo, e Fernandinho e Everton lado a lado a frente. Com esse posicionamento tivemos mais controle do jogo, mais agressividade e foi onde saiu um gol, depois de uma jogada de escanteio, onde Leo Moura da um "tapa" espetacular para Lincoln que com tranquilidade acha Michel (a lei do ex sempre funciona) para fazer o gol da vitória. 

A partir da entrada de Lincoln e Leo Moura tivemos mais controle do jogo, visto nas linhas azuis, onde mais profundo, mais agressividade tivemos.

A qualidade de Lincoln e Leo Moura retratada em números.

Vencemos o jogo, mas mais do que isso, foi importante a assistência de Lincoln, que após o nascimento de seu filho na última semana pode retomar a confiança, mas mais do que isso quero destacar a importância de Leo Moura. Desde sua saída do time, nossa tendência foi jogar mais pela esquerda. Com a participação de Leo Moura, seja na lateral direita, seja na meia direita, o time troca mais passes, tem mais opções de jogada com triangulações. O time aumenta a qualidade de passes em 12%, a qualidade de finalizações em 10,83%, a de cruzamentos em 22%. Perdemos em desarmes e interceptações. Claro que devemos levar em conta o adversário e todas alterações do jogo, mais uma coisa não podemos deixar para trás, nos 5 jogos que Leo moura jogou no Brasileirão nós vencemos! Vejo como um jogador completo, que se encaixou perfeitamente ao esquema e sendo bem trabalhada a questão física nos ajudará muito ainda esse ano. Por exemplo no jogo contra o Santos, para romper uma defesa, ele seria fundamental.

A qualidade e equilíbrio de Leo Moura, seja no ataque, na criatividade, técnica, defesa e taticamente.

Número de passes de Leo Moura por jogo, e os cinco jogos que vencemos com ele atuando. Fonte: Footstats.

Será que Leo Moura pode substituir a função de Luan (não comparem um ao outro, em especial pela mobilidade), mas na questão de técnica e visão de jogo? Questionei no meu Twitter em tom de brincadeira, mas sinceramente acho que ele tem plenas condições de fazer isso.

Espero ver a qualidade do Leo Moura hoje em campo contra o Atletico MG. 

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terça-feira, 1 de agosto de 2017

O futebol DOURADO que o Grêmio joga - Análise de Grêmio x Santos

De um lado: Como o time toca a bola, como tem jogadores habilidosos, esses meninos da base são fantásticos, quanta velocidade, quanto habilidade...
Do outro: que time que joga feio, só quer se defender, quanta catimba, esse antijogo não vai dar em nada...
Rótulos dados na história de Grêmio e Santos, mas que foram claramente invertidos no último domingo. Rótulos aliás que não condizem com a história DOURADA do Grêmio. Voltamos para 1977 para falar um pouco deste rótulo. Presidente: O MAIOR GREMISTA DA HISTÓRIA, HELIO DOURADO. Técnico: Telê Santana: CONSIDERADO POR MUITO O MELHOR TÉCNICO DA HISTÓRIA DO BRASIL. O time: sim como muita garra e força, coisa nunca deixamos e deixaremos de ter, mas de MUITA TÉCNICA, afinal um time com Eurico como lateral direito que apoiava, Ladinho na esquerda que ficava mais, Victor Hugo um volante de contenção, e ao seu lado Iura, o motorzinho do meio campo, que tinha a criatividade nos pés de Tadeu Ricci. O ataque tinha o jovem e fantástico Éder pela esquerda (que ajuda o meio campo com sua movimentação) e o veloz jogador com maior números de jogos pelo Grêmio Tarciso, além do centroavante André Catimba. Um Grêmio DOURADO, tirando a hegemonia dos rivais...

O time DOURADO de 1977

E o que falar de 1981, quando desbravamos o Brasil?Novamente com Dr. HELIO DOURADO como presidente. ENIO ANDRADE, considerado o melhor técnico gaúcho. Um time que tinha como capitão o já experiente Leão no gol,  um jovem promissor lateral direito, e futuro campeão do mundo, Paulo Roberto, uma dupla de zaga com Newmar e o capitão mundial De León, tendo na esquerda outro jovem e futuro campeão do mundo, Casemiro, que protegia mais a zaga. Como cão de guarda China, na frente dos zagueiros, e do meio da frente um time habilidoso e voluntarioso, com Vilson  Taddei e Paulo Isidoro como motores do meio, Odair na ponta esquerda, que ajudava na recomposição do meio, Tarciso novamente pela direita, e o artilheiro de Deus Baltazar como centroavante. A base do mundial estava formada, um time DOURADO!

O time campeão brasileiro de 81

Pois então, quando falarem que o Grêmio está numa fase DOURADA, responda que o GRÊMIO É DOURADO! Hoje mais do que nunca, com o seu modelo de jogo de toque de bola, troca de posições, avanço dos laterais, jogo entre linhas. Hoje são outros nomes, mas com a mesma qualidade de sempre. Os adversários sabendo disso, e abdicam de jogar quando nos enfrentam na Arena. Abdicam até mesmo de sua história de jogar para cima, com qualidade. Abdicam mesmo quando tem jogadores, ou um time com Lucas Lima no meio, os bons e velozes Copete e Bruno Henrique pelos lados e o experiente e artilheiro Ricardo Oliveira na frente. Não digo que fiquei envergonhado, prefiro dizer que o Santos teve MEDO do Grêmio. Afinal foi um massacre do Grêmio, tanto no que se diz respeito a posse de bola com 59%, mas principalmente no número de chutes, 22 contra quatro. Destas tentativas de gol, 8 foram em gol (méritos para o bom goleiro Vanderlei), 9 para fora e 5 bloqueados. 

 Controle absoluto do Grêmio em todo jogo. Fonte: SofaScore

Mapa de chutes de Grêmio e Santos. Dessa vez muitos chutes nossos de longe e para fora. 


Mas no fim muitos me questionaram, do que adianta esses números se o resultado foi empate. E todos tem razão o que vale é o gol. Vou tentar explicar um pouco o que o Grêmio não fez, e também o que o Santos fez para impedir que vencêssemos. Vale falar, que sim, o Santos praticou o antigo jogo e o árbitro foi conivente (fazia tempo que não saia do estádio tão irritado com uma arbitragem). Mas estamos aqui para falar de tática, e vamos a ela. Primeiro vou dizer o que o Santos fez. Atuando com um linha de 4 atrás, com dois zagueiros altos. Na frente deles tinham dois volantes bem posicionados, Yuri e Alisson. A frente tinham três jogadores, sendo que Lucas Lima ficava livre para circular e buscar a bola na saída de jogo, e Copete pela direita e Bruno Henrique na esquerda. Estes dois pelos lado recuavam na linha dos dois volantes quando o Grêmio avançavam seus laterais. Na frente, sem ritmo de jogo, e bem parado, Ricardo Oliveira, que pouco fez no jogo.

 Santos muito defensivo. Os dois jovens volantes bem posicionados na frente da zaga, o que vemos pouco hoje pois ou vemos um volante posicionado no 4141, ou então uma linha de 4, formando o 442, ou um modelo muito comum hoje na Europa (exemplos do Chelsea e Juventus) do 541.
Foto de @chrisgrieff

Este bom posicionamento do Santos se reflete no números de rebatidas, ao total de 29, e o mais importante, o local delas, quase todas na linha da grande área. Significa que o Santos compactava no terço defensivo de seu campo, assim não se desgastando. E neste espaço de campo que seu deu o grande duelo tático do jogo. De um lado o Santos muito bem posicionado, e do outro o Grêmio, tendo o seu ataque rápido tentando romper essas linhas defensivas. Observei que Fernandinho, Everton e Pedro Rocha ficavam alinhados, entre a defesa do Santos, sem a possibilidade de vir em velocidade de trás, em especial no segundo tempo, pois no primeiro conseguimos esta velocidade de triangulações vindo de trás. Junto com eles, Luan tentava buscar o jogo e se movimentar, porém barrava na falta de opções devido a pouca mobilidade dos nossos atacantes.

29 rebatidas de bola do Santos, centralizadas na grande área.

Mapa de calor de Luan, Pedro Rocha, Fernandinho e Everon x Sistema defensivo do Santos, onde o jogo se definiu.

Analisando os passes do time, vemos que o jogo se concentrou em Ramiro, Maicon, Edilson, Luan e Fernandinho. Notem que os jogadores citados atuam mais pela direita, o que foi a tendência no jogo. Talvez faltou um pouco mais de inversão de jogadas, para que assim, na velocidade e no elemento surpresa conseguíssemos abrir espaços na defesa, o que não se viu. O que se viu foram muitos cruzamentos, o que convenhamos, com Fernandinho, Everton e Pedro Rocha na frente, contra uma dupla de zaga alta, era perda de tempo. Na minha opinião, em especial Edilson, pois as jogadas eram por lá, deveriam tentar cruzamentos rasteiros, tipo chutes em gol e não cruzamentos alto cuja probabilidade de conseguirmos a vitória pelo alto seria difícil.

Interação de passe do Grêmio. Grande volume pelo lado direito.

Alto número de cruzamentos realizados, sendo a grande maioria pela direita.

São detalhes que temos que aprimorar, pois independente do time que jogar na Arena, enfrentaremos essa retranca. Que o Grêmio DOURADO consiga resolver este problema, nada comparado ao que o Dr. Helio Dourado fez seja construindo um boa parte de um estádio, seja quebrando uma hegemonia, seja abrindo as fronteiras do Brasil, seja assumindo a direção no momento mais difícil da nossa história, ou seja cantando o hino do Grêmio a pleno pulmão em todos eventos que participava.

 O Grêmio é DOURADO devido aos torcedores como Dr. Helio, mas infelizmente nunca teremos um torcedor tão DOURADO como ele. 
Obrigado PATRONO HELIO DOURADO, QUE TU AGORA BRILHE NO CÉU!

Contribuíram para este post:
Christian Grieffenhagen @chrisgrieff
Humberto Roman @seualgoz
João Batista Costa Saraiva @joaobcsaraiva